PET SEMATARY
Tem todos os ingredientes para o tornar um clássico do terror: um cemitério índio que traz de volta à vida (com efeitos secundários) aqueles que nele são enterrados, e personagens marcantes e memoráveis como: Pascow, um atencioso fantasma mutilado que tenta salvar o protagonista; Church, o gato que volta dos mortos mais arruaceiro do que nunca; o pequeno Gage que, depois de ser atropelado por um camião regressa com um desejo de brincar às escondidas maléficas; Ellie, uma menina que sofre com sensibilidade psíquica e questões existenciais; e a aterrorizante Zelda, a falecida irmã deformada de Rachel que sofria de meningite espinal.
Aqui vão algumas curiosidades do fime:
1. Stephen King tem um cameo como padre durante o funeral de Gage. O autor esteve presente em grande parte das filmagens, já que a área onde o filme foi gravado ficava apenas a 20 minutos de distância da sua casa em Bangor, Maine.
2. O corte original do filme entregue aos executivos da Paramount foi considerado demasiado longo, por isso, o excesso de cenas teve de ser removido. Também decidiram que a última cena era demasiado monótona e, a pedido deles, foi refilmada para ser mais explícita.
3. Na cena em que Louis mata o Church Zombie com a seringa, a seringa está preparada para parecer que é espetada nele, mas não é. No entanto, o gato foi realmente sedado por um veterinário. Um representante da American Humane esteve presente e o gato recuperou totalmente.
Palavras que aprendi com o filme:
shilly-shally (hesitar)
swivel (girar)
ragman (trapeiro)
SALEM'S LOT (1979)
A minha opinião: A ideia de adaptar Salem's Lot numa mini-série de três horas em vez de um filme de hora e meia ultrapassa-me. Afinal, aparando o argumento aqui e ali e podando personagens desnecessárias como Larry Crockett e Bonnie e Cully Sawyer (que consomem tempo precioso de projeção com o seu triângulo amoroso digno de telenovela), a história seria facilmente comprimida num produto de maior qualidade. Dito isto, Salem's Lot tem uma atmosfera sombria, e introduz elementos icónicos como a Casa Marsten e o vampiro Kurt Barlow. A maquilhagem e os efeitos são muito bem conseguidos.
1. Com um orçamento de 4 milhões de dólares, as filmagens começaram a 10 de julho de 1979 na cidade de Ferndale, no norte da Califórnia, com algumas cenas filmadas nos estúdios Burbank, e terminaram a 29 de agosto.
2. Depois de a Warner Bros. adquirir os direitos de Salem's Lot, o estúdio tentou tornar o livro de 400 páginas num filme. O produtor Stirling Silliphant, o argumentista Robert Getchell e o realizador Larry Cohen (que viria a assumir o comando da "sequela") entregaram todos argumentos, mas nenhum era satisfatório. «Foi uma confusão», disse Stephen King. «Cada realizador em Hollywood que já esteve envolvido com terror queria fazê-lo, mas ninguém conseguia arranjar um argumento». O projeto foi entregue à Warner Bros. Television e o produtor Richard Kobritz decidiu que Salem's Lot resultaria melhor como uma mini-série do que um filme devido ao comprimento da obra. O argumentista Paul Monash foi contratado para escrever o argumento, tendo anteriormente produzido Carrie.
3. A maquilhagem do vampiro estava constantemente a cair, assim como as unhas e os dentes falsos, e as lentes de contacto ficavam tortas. As lentes só podiam ser usadas durante 15 minutos de cada vez antes de terem de ser retiradas para deixar o olho descansar durante meia hora. O ator, Reggie Nalder, disse: «A maquilhagem e as lentes de contacto eram dolorosas, mas habituei-me a elas. Do que mais gostei foi do dinheiro».
4. 100 mil dólares foram gastos para construir uma fachada de três andares sobre uma casa que já existia numa encosta. Demorou 20 dias a construir. Mais 70 mil dólares foram gastos no set do interior da casa, o que se provou ainda mais difícil para o designer Mort Rabinowitz, que também desenhou o edifício da loja de antiguidades e a pequena aldeia no Guatemala onde a mini-série começa e acaba.
5. Ao contrário do livro, o vampiro não fala no filme. O produtor Richard Kobritz explicou: «Voltámos ao antigo conceito alemão do Nosferatu, onde ele é a essência do mal, e nada romântico ou adulador, ou o Drácula de bochechas com ruge e o ponto em V do cabelo no centro da testa. Não queria nada cortês ou sexual, porque não achava que fosse resultar; já vimos demasiado isso. A outra coisa que fizemos com a personagem que acho que é uma melhoria é que o Barlow não fala. Quando é morto no fim, obviamente emite sons, mas nem sequer é uma fala completa de diálogo, em contraste com o livro e o primeiro esboço do argumento. Apenas achei que seria suicida da nossa parte ter um vampiro que fala. Que tipo de voz colocamos por trás de um vampiro? Não podemos fazer o Bela Lugosi, ou vão rir-se de nós. Não podemos fazer a Regan no Exorcista, ou vamos ter algo que é ininteligível, e além disso, já vimos isso. Acho que é por isso que o papel do Straker se tornou mais importante».
6. O Time Out chamou ao filme «surpreendentemente bem-sucedido», destacando a cinematografia, a atmosfera e o clímax. Helen O'Hara da Empire Magazine deu três estrelas em cinco, afirmando que, embora «não expresse bem a escala da infeção», os sustos, os efeitos especiais, o ritmo e as personagens compensam por isso. Tem uma classificação de 88% no Rotten Tomatoes, com base em 17 críticas, e uma média de 6.65/10. O consenso diz: «O realizador Tobe Hooper e um James Mason diabolicamente carismático elevam esta adaptação televisiva do romance de Stephen King, injetando a tradição vampírica com sangue fresco e sustos duradouros».
7. Um novo filme baseado no livro será realizado por Gary Dauberman (Annabelle Comes Home) e produzido por James Wan.
CREEPSHOW (1982)
A minha opinião: Creepshow traz o formato de antologia aliado ao visual das bandas desenhadas de terror dos anos 50, o que resulta num filme inovador e original. Não se leva demasiado a sério, misturando sustos e piadas numa produção interessante. Quando comparado com a outra antologia escrita por Stephen King para o cinema, Cat's Eye, esta é mais leve e pueril, e talvez por isso tenha sido mais popular (mas eu prefiro Cat's Eye). A banda sonora é marcante, os efeitos especiais são espetaculares, as histórias envolventes, e a realização competente. No elenco, destacam-se King (que protagonizou o seu próprio segmento, baseado no seu próprio conto Weeds, publicado em 1976 na revista Cavalier) e Leslie Nielsen, que saiu da sua zona de conforto de filmes de comédia para interpretar um psicopata vingativo. Só acho que o segmento The Crate não devia ter sido incluído no filme, pois é demasiado longo e arrasta-se de forma enfadonha, quebrando o ritmo do filme. O material, baseado no conto homónimo de King publicado em 1979 na revista Gallery, podia dar origem a uma longa-metragem e foi enfiado aqui no meio dos outros segmentos, sendo, na minha opinião, o maior defeito de Creepshow. De resto, recomendo!
1. Este filme marca a estreia de Stephen King como argumentista e ator. King teve uma reação alérgica à maquilhagem que teve de usar para a transformação em Jordy Verill. Foi sujeito a injeções e medicamentos para o trabalho ser suportável.
2. O filme consiste em cinco contos, com o filme a começar e a acabar com cenas de prólogo e epílogo com um jovem chamado Billy (interpretado pelo filho de King, Joe), que é castigado pelo pai por ler banda desenhada de terror. Durante a cena de abertura em que o pai dá uma bofetada ao filho, é possível ver que Joe dá uma bofetada a si mesmo com a sua própria mão esquerda em câmara lenta. Stephen King estava alegadamente presente durante as filmagens, e estava preocupado com esta cena, daí o realizadorGeorge A. Romero ter usado esta técnica.
3. O filme é uma homenagem à banda desenhada de terror da EC e DC dos anos 50. Para o filme dar aos espetadores uma sensação de livro de banda desenhada, Romero contratou o especialista veterano em efeitos especiaisTom Savini para produzir efeitos típicos de banda desenhada.
4. Na cena final do segmento They're Creeping Up on You - na qual o quarto está quase cheio de baratas - muitos dos aparentes insetos eram na verdade nozes e uvas passas, conforme especificado por Tom Savini. As baratas foram a parte mais cara do filme, custando cerca de 50 cêntimos cada uma.
6. O consenso do Rotten Tomatoes, no qual o filme tem uma classificação de 70% com base em 30 críticas, é: «É irregular, como as antologias muitas vezes são, mas Creepshow é colorido, frequentemente divertido, e trata as suas inspirações com reverência contagiante». Na sua crítica para o New York Times, Vincent Canby escreveu: «As melhores coisas em Creepshow são a sua cuidadosamente simulada pirosice de banda desenhada e o gosto com que alguns bons atores assumem posições tolas. Os puristas dos filmes de terror podem opor-se à leviandade apesar de falhada, como muito dela é». Gary Arnold, na sua crítica para o Washington Post, escreveu: «O que alguém confronta em Creepshow é cinco vinhetas de terror consistentemente sem graça e pouco originais de várias durações e defeitos». David Ansen, na sua crítica para o Newskweek, escreveu: «Para alguém acima dos 12 anos, não há muito prazer para se ter a ver dois mestres do terror a trabalharem deliberadamente abaixo de si mesmos.Creepshow é um filme de terror faux naif: demasiado dissimulado para ser verdadeiramente assustador, demasiado elementar para ser bem sucedido como sátira». Na sua crítica para a Time, Richard Corliss escreveu: «Mas o tratamento consegue ser tanto superficial como lânguido; os sobressaltos podem ser previstos por qualquer miúdo de 10 anos com um cronómetro. Apenas a história na qual o plutocrata malvado E. G. Marshall é comido vivo por baratas mistura risadas e arrepios na medida certa».
7. Feito com um orçamento de 8 milhões de dólares, o filme arrecadou 21 milhões de dólares nas bilheteiras dos Estados Unidos, o que significa que rendeu 13 milhões de dólares para a Warner Bros. (tornando-se o filme de terror de maior bilheteira do estúdio em 1982).
THE DEAD ZONE (1983)
A minha opinião: The Dead Zone, visto hoje em dia, é repleto de clichés, mas, na altura em que estreou, suponho que fosse inovador. Apesar do aspeto datado, o filme aguenta-se muito bem nos dias de hoje, e faz realmente refletir na questão: se entrássemos em coma e acordássemos daqui a cinco anos, o que teria mudado à nossa volta? Bem, o nosso protagonista pode ter perdido a namorada, mas ganhou o dom da clarividência. O filme tem uma estrutura episódica, na medida em que Johnny vai ajudando pessoas com o seu novo dom. É uma narrativa muito simples, que culmina de forma abrupta com... spoiler alert... o sacrifício do herói. O termo spoiler pode aplicar-se quando falamos de um filme lançado há 37 anos atrás? The Dead Zone não se enquadra propriamente no género terror (embora o título sugira o contrário), aproximando-se mais de um drama com tons de fantasia. Está ao nível das duas outras adaptações de Stephen King que estrearam em 1983, Cujo e Christine. Imperdível.
1. Três argumentos foram escritos para o filme. A Loriomar Film Entertainment começou a desenvolver a adaptação de The Dead Zone. O produtor Carol Baum deu o livro ao argumentista Jeffrey Boam e pediu-lhe para escrever um argumento. «Vi que tinha grandes possibilidades e aceitei fazê-lo», disse Boam. Ele desenvolveu um argumento com o realizador Stanley Donen, que deixou o projeto antes de o filme chegar à fase de produção na Lorimar. A Lorimar eventualmente encerrou a sua divisão de filmes após uma série de fracassos de bilheteira, e pouco depois o produtor Dino De Laurentiis comprou os direitos para The Dead Zone. Inicialmente, não gostou do argumento de Boam e pediu a King para adaptar o seu próprio livro. De Laurentiis rejeitou o argumento de King como «intrincado e complexo»; contudo, David Cronenberg, que acabou por realizar o filme, disse que foi ele que decidiu não usar o argumento, achando-o «desnecessariamente brutal». De Laurentiis rejeitou um segundo argumento de Andrei Konchalovsky, regressando a Boam.
2. Boam abandonou a estrutura de história paralela de King para o argumento, transformando o enredo em episódios separados. O realizador disse que «o livro de King é mais longo do que precisava de ser. O romance estende-se e é episódico. O que eu fiz foi usar essa qualidade episódica, porque vi The Zone Dead como um tríptico». O seu argumento foi revisto e condensado quatro vezes por Cronenberg, que elimitou grandes porções da história do livro, incluindo elementos sobre Johnny Smith ter um tumor cerebral. Cronenberg, Boam e Hill tiveram reuniões para rever o argumento página a página. O tríptico de Boam no argumento envolve três atos: a introdução de Johnny Smith antes do acidente de carro e depois de ele acordar de um coma, uma história sobre Smith ajudar um xerife a localizar o Assassino de Castle Rock e, por fim, Johnny a decidir confrontar o político Stillson. Boam disse que gostou de escrever o desenvolvimento de personagem para Smith, tê-lo a lutar com a responsabilidade das suas capacidades psíquicas, e por fim entregar a sua vida pelo bem maior. «Foi este tema que me fez gostar do livro, e gostei particularmente de o descobrir no que foi essencialmente uma obra de género, um trabalho de exploração», disse.
3. No primeiro rascunho do argumento de Boam, Johnny não morre no final, mas tem uma visão sobre o Assassino de Castle Rock, que ainda está vivo e fugiu da prisão. Cronenberg insistiu que este «final com truque» fosse revisto. Boam entregou o rascunho final do argumento a 8 de novembro de 1982.
4. David Cronenberg queria mudar o nome da personagem de Cristopher Walken: «Nunca chamaria 'Johnny Smith' a alguém», disse, mas, no fim, foi deixado como está. O livro menciona especificamente como parece um nome falso.
5. The Dead Zone foi filmado durante um congelamento no Sul de Ontário que durou semanas, criando uma atmosfera de temperaturas abaixo de zero e terreno cheio de neve, o que contribuiu para ótimos cenários naturais, apesar de ser quase demasiado frio para a equipa e o elenco tolerarem por vezes. Canada's Wonderland, um parque temático que fica 30 km a norte dos limites de Toronto, também foi usado como local de filmagens.
6. O mirante onde decorre o assassinato foi construído para o filme, e mais tarde foi doado à cidade de Niagara-on-the-Lake, Ontário, onde foi filmado, e agora é um local favorito para fotografias de casamento.
7. Bill Murray foi a escolha de Stephen King para o papel de Johnny Smith.
8. A mãe de Johnny foi interpretada por Jackie Burroughs, que na verdade era apenas 4 anos mais velha do que Cristopher Walken.
9. Na cena final quando Sarah está a chorar e a abraçar Johnny, ouvimo-la parar de chorar durante uns segundos para dizer a Johnny que o ama, mas, uma vez que a boca dela está obscurecida, não a vemos dizê-lo. O argumento não tinha esta fala. A voz dela foi gravada mais tarde de forma a ter algum encerramento para Johnny.
10. O realizador David Cronenberg teve de regravar a cena em que John Smith tem a sua primeira premonição. Mostrava o quarto de uma menina e um pequeno boneco do E.T. podia ser visto numa das prateleiras. A cena teve de ser regravada quando a Universal Pictures ameaçou processá-los.
11. O suor na cara de Cristopher Walken durante a sequência do quarto a arder era, na verdade, um químico retardador de chamas que tinha sido borrifado para cima dele. O efeito resultante, que não tinha sido antecipado, pareceu surpreendentemente dramático no filme.
12. Enquanto Michael Kamen compunha a banda sonora para o filme em Londres, tocava a música no piano em sua casa. Recebeu várias queixas dos vizinhos que pediam: «Pode parar de tocar essa música, por favor? Não consigo dormir e está a dar pesadelos à minha família».
13. The Dead Zone tem uma taxa de aprovação de 90% no Rotten Tomatoes, com o consenso: «The Dead Zone combina uma realização tensa de David Cronenberg e uma atuação rica de Cristopher Walken para criar uma das mais fortes adaptações de Stephen King». Roger Ebert do Chicago Sun-Times deu ao filme 3 estrelas em 4, elogiando a realização de Cronenberg por introduzir o sobrenatural no quotidiano, e observou atuações credíveis pelo elenco inteiro, especialmente Walken: «Walken faz um trabalho tão bom a representar Johnny Smith, o homem com o dom estranho, que nos esquecemos que isto é ficção científica ou fantasia ou seja o que for e aceitamo-lo como a história do tipo». Janet Maslin do New York Times referiu-se ao filme como «um drama bem representado mais sinistro do que aterrorizante, mais enraizado no oculto do que no terror puro».
CHRISTINE (1983)
A minha opinião: 1983 foi uma época de ouro para as adaptações de Stephen King. Cujo, Zona de Perigo e Christine ditaram expetativas muito altas para o que viria a seguir que, não surpreendentemente, foi na sua maioria uma desilusão. Christine é deslumbrante. O filme demora um pouco a entregar o terror, mergulhando-nos primeiro no dia a dia no liceu dos protagonistas, mas quando o faz, entrega-nos momentos que mais tarde contribuiriam para tornar Christine um filme de culto. Imagens como o carro a regenerar-se sozinho (num efeito incrível para a época) e a acelerar envolto em chamas são difíceis de apagar (se me perdoam o trocadilho eh eh). Outro ponto forte são os diálogos, que se destacam pela sua originalidade. Um dos temas do filme, assim como em Carrie, é o bullying, que leva os protagonistas a usar os meios sobrenaturais de que dispõem (em Carrie, são poderes psíquicos; aqui, é um carro assombrado) para exercer a sua vingança sobre um mundo que apenas os fez sofrer. Muito bom.
- O produtor Richard Kobritz tinha anteriormente produzido a mini-sérieSalem's Lot, também baseada num romance de King; ao produzi-la, Kobritz conheceu King, que lhe enviou manuscritos de dois dos seus livros, Cujo eChristine. Kobritz comprou os direitos de Christine após se sentir atraído pela«celebração da obsessão da América pelo carro» do livro. Além disso, pensava que Cujo era «demasiado tolo».
- Segundo o realizador John Carpenter, Christine não era um filme que ele planeara realizar, dizendo que o fez como «um trabalho», em vez de um«projeto pessoal». Anteriormente, ele tinha realizado Veio de Outro Mundo!(1982), que foi um fracasso de bilheteira e recebeu críticas negativas. Carpenter disse que ao ler Christine, sentiu que «Não era muito assustador. Mas era algo que eu precisava de fazer naquela altura pela minha carreira».
- O livro deixa claro que o carro foi possuído pelo espírito maléfico do seu anterior proprietário, Roland D. LeBay, enquanto o filme mostra que o espírito maléfico que rodeia o carro estava presente no dia em que ele foi construído. Outros elementos do livro foram alterados para o filme, particularmente a execução das cenas das mortes, para as quais os produtores optaram por uma abordagem mais cinematográfica.
- Inicialmente, a Columbia Pictures quisera selecionar Brooke Shields no papel de Leigh devido à sua publicidade após o lançamento de A Lagoa Azul(1980), e Scott Baio como Arnie. Os produtores recusaram a sugestão, optando por selecionar jovens atores que eram ainda bastante desconhecidos. Kevin Bacon fez uma audição para o papel, mas desistiu quando lhe ofereceram um papel em Footloose (1984). Carpenter selecionou Keith Gordon no papel de Arnie após uma audição em Nova Iorque; Gordon tinha alguma experiência em filmes, e estava a trabalhar em cinema na altura; John Stockwell foi selecionado numa audição em Los Angeles. Alexandra Paul, de 19 anos, foi selecionada após uma audição em Nova Iorque. Segundo Carpenter, Paul era uma «atriz jovem e inexperiente» na altura, mas trouxe uma «grande qualidade» à personagem de Leigh. Segundo Paul, ela não lera nenhum dos livros de King nem vira nenhum dos filmes realizados por ele, e leu o livro em preparação. Como uma piada, a irmã gémea de Alexandra Paul, Caroline Paul, substituiu-a durante algumas cenas, mais notavelmente a viagem no buldózer.
- Christine foi filmado principalmente em Los Angeles, Califórnia, enquanto que a localização da garagem de Darnell se situava em Santa Clarita. O filme foi gravado no mesmo bairro que John Carpenter usou em Halloween (1978). As filmagens começaram em abril de 1983, apenas dias depois de o livro de King ser publicado. As acrobacias do filme foram principalmente completadas pelo coordenador de duplos Terry Leonard, que esteve atrás do volante do carro durante as cenas de perseguição a alta velocidade, assim como na cena em que o carro desce uma autoestrada envolvido por chamas.
- Segundo o argumentista Bill Phillips, o filme não tinha violência suficiente para justificar uma classificação para maiores de 16 anos. Mas ele tinha medo que se o filme recebesse uma classificação para maiores de 12 (maiores de 14 ainda não existia), ninguém iria vê-lo. Por isso, inseriu de propósito a palavra "f*da-se" e os seus derivados para conseguir a classificação para maiores de 16. Ele recorda-se que na altura foram criticados pelo uso da palavra.
- Quando lhe pediram para adaptar um livro sobre um carro assassino, Phillips pensou que era uma piada. A meio da leitura do livro, percebeu que este era muito bom e assinou contrato.
- Quando Christine persegue os membros do gang de Buddy Repperton, as janelas estão escurecidas. Isto é presumivelmente para dar a Christine uma aparência mais sinistra, mas também, mais praticamente, para esconder o duplo que estava a conduzir. Contudo, isto dificultava que o condutor visse, uma vez que estas cenas foram todas filmadas à noite. Isto também deixa uma ambiguidade no ar, se Arnie está ou não a conduzir o carro.
- Keith Gordon estava nervoso por ter de beijar Alexandra Paul, por isso, pediu para praticar primeiro.
- Stephen King escolheu um Plymouth Fury de '58 para Christine porque era um «carro esquecido». «Não queria um carro que já tivesse uma lenda ligada a ele como o Thunderbird dos anos 50».
- 15% do orçamento foi gasto nos carros.
- Com base em 25 críticas recolhidas pelo Rotten Tomatoes, Christine tem uma aprovação de 68%, com o consenso: «Começam-se a notar as falhas nos instintos de realização de John Carpenter, mas Christine, contudo, é uma diversão tola e vivaz». A Variety deu uma crítica negativa, declarando:«Christine parece uma reconstituição. Desta vez é um Plymouth Fury vermelho de 1958 que está possuído pelo Diabo, e esta premissadeja-vu combinada com o formato de veículo enlouquecido, faz Christine parecer bastante gasto». Robert Ebert deu ao filme 3 estrelas em 4, dizendo: «No fim do filme, Christine desenvolveu uma personalidade tão formidável que realmente tomamos partidos durante o duelo com o buldózer. Este é o tipo de filme de onde saímos com um sorriso tolo, entramos no carro, e metemos prego a fundo a meio caminho do Eisenhower». Janet Maslin do New York Times disse: «As primeiras partes do filme são cativantes e bem representadas, criando uma atmosfera credível de escola secundária. Infelizmente, a parte posterior do filme é lenta no desenvolvimento, e desenrola-se de maneiras previsíveis». A Time Out disse do filme:«Carpenter e o romancista Stephen King partilham não apenas um gosto pelo género do terror, mas um amor pela cultura adolescente dos anos 50; e embora se passe no presente, Christine reflete o segundo gosto de modo muito mais eficaz do que o primeiro».
CUJO (1983)
A minha opinião: Cujo é uma pérola entre as adaptações de Stephen King. O autor transformou, uma vez mais, algo que normalmente não incute medo, como um São Bernardo de aspeto gentil, em algo que passa a povoar os nossos pesadelos. Na produção do filme, a equipa teve de reproduzir esse feito. Se Cujo tivesse sido produzido hoje, o cão monstruoso teria sido totalmente criado em CGI. Em 1983, no entanto, não havia nada disso. A equipa teve de ser incrivelmente criativa e engenhosa para dar a ilusão de que aquele São Bernardo era de facto raivoso e estava a atacar pessoas. Todo esse esforço transparece no ecrã. O filme entretém imenso e é envolvente. As personagens cativam-nos, mergulhamos no seu dia a dia antes de chegarmos ao clímax, e isso faz com que nos importemos com elas. Se o filme alguma vez ganhar um remake, será de certeza uma lição sobre porque não se deve mexer em clássicos. Já mencionei que Cujo tem uma fotografia linda? E que a atuação de Dee Wallace é fenomenal?
1. Feito com um orçamento de 8 milhões de dólares, arrecadou 21 milhões, o que significa que o estúdio lucrou 13 milhões.
2. No Rotten Tomatoes, o filme tem uma taxa de aprovação de 58% com base em 31 críticas com uma classificação média de 5.6/10, e o consenso é: «Cujoé uma obra simples pontuada por momentos de alta sanguinolência canina e uma feroz atuação de Dee Wallace». Leonard Maltin deu ao filme 3 estrelas em 4, chamando-lhe «genuinamente assustador», escrevendo também: «desenvolve-se lenta mas seguramente até ao aterrorizante (mas não sangrento) clímax». Stephen King chamou ao filme «espantoso» e nomeou-o uma das suas adaptações preferidas.
3. Foram usados cinco São Bernardos, uma cabeça mecânica e um homem com um disfarce de cão.
4. O São Bernardo que mais apareceu no filme morreu de inchaço durante as filmagens.
5. Para fazerem os São Bernardos atacarem o carro, os treinadores punham os brinquedos preferidos dos cães dentro do carro para os cães tentarem apanhá-los.
6. Um rottweiller foi usado para algumas das cenas porque não conseguiam que o São Bernardo parecesse mau o suficiente.
7. A espuma à volta da boca de Cujo era feita de uma mistura de claras de ovo e açúcar. Os cães causavam problemas no set por estarem sempre a lambê-la.
8. A jovem estrela Danny Pintauro tinha apenas seis anos na altura do filme e ainda não aprendera a ler. Muitas vezes memorizava as suas falas com a ajuda da mãe que estava sempre por perto no set.
9. Danny Pintauro mordeu mesmo os dedos de Dee Wallace durante as cenas das convulsões. As reações de Dee na cena eram reais.
10. Stephen King declarou que sente que Dee Wallace dá neste filme a melhor atuação de qualquer adaptação dos seus livros, incluindo a atuação vencedora de um Óscar de Kathy Bates em Misery - O Capítulo Final (1990).
11. As cenas em que Donna e Tad estão encurralados por Cujo é suposto serem abrasadoras e assim parecem no filme. No entanto, as condições eram, na verdade, muito frias durante as filmagens. A dada altura ficou tão frio dentro do carro que foram colocados aquecedores no interior para manter os atores quentes, mas tinham de ser desligados durante a filmagem para impedir que o som interferisse.
12. Depois do filme, Dee Wallace disse que esperava nunca mais ver um Ford Pinto na sua vida.
13. A inspiração para a história surgiu quando Stephen King conheceu o cão intimidante do seu mecânico enquanto a sua mota era reparada um dia. King estava tão bêbado e drogado durante o processo de escrita que mal se lembra de escrever o livro.
14. King indica este filme como tendo o susto mais eficaz de qualquer um dos filmes baseados nas suas obras, referindo-se ao momento em que Cujo salta pela primeira vez junto à janela do passageiro do carro.
15. O escritor contribuiu substancialmente para o argumento, mas eventualmente recusou que o seu nome fosse creditado.
16. O nevoeiro na cena em que Brett encontra um Cujo doente foi criado por uma máquina de nevoeiro naval. O fumo fez com que aparecessem os bombeiros, que receavam que o bosque estivesse a arder.
17. Stephen King disse que se pudesse voltar atrás e mudar alguma coisa num dos seus livros, seria deixar Tad viver. É por isso que ele sobrevive no filme (no livro, ele morre de desidratação, enquanto Donna contrai raiva da sua luta com Cujo).
18. Lewis Teague foi recomendado pelo próprio Stephen King depois de ver o filme anterior do realizador, A Fera (1980). Teague também realizou A Força do Mal (1985), escrito por King.
CHILDREN OF THE CORN (1984)
A minha opinião: Os Filhos da Terra é baseado num conto de Stephen King publicado pela primeira vez na edição de março de 1977 da revista Penthouse. É fácil ver porque o filme gerou uma série de sequelas. A história é contada do ponto de vista de duas crianças boazinhas, ao contrário das outras, por quem imediatamente nos apaixonamos, e também rapidamente nos apegamos ao casal de protagonistas. Do mesmo modo, também é fácil odiar Isaac e Malachias. Não ficamos indiferentes às personagens, o que é sempre uma mais-valia num filme. A atmosfera sinistra - com a música marcante que só peca por se parecer demais com a banda sonora de The Omen às vezes -, as crianças assassinas que habitam numa cidade fantasma e veneram uma entidade demoníaca que vive no meio dos campos de milho, tudo isto contribuiu para que Os Filhos da Terra se tenha tornado um clássico do terror (pelo menos no repertório de adaptações de Stephen King). O filme está surpreendentemente bem escrito, com o humor a dar a cara em certos momentos. O pior do filme? Aqueles efeitos especiais obsoletos e toscos.
1. King escreveu o rascunho original do argumento, que se focava mais nas personagens de Burt e Vicky e descrevia mais história sobre a rebelião das crianças de Gatlin. Este argumento começava com 35 páginas de Burt e Vicky a discutir num carro. Os executivos dos Hal Roach Studios não quiseram usá-lo e George Goldsmith foi contratado para o reescrever. Goldsmith decidiu contar a história visualmente através dos olhos de duas novas personagens, as crianças Job e Sarah. O seu argumento também continha mais violência e uma estrutura narrativa mais convencional. King ficou descontente com as mudanças, mas o estúdio escolheu Goldsmith. Hal Roach eventualmente vendeu o projeto à New World Pictures, que decidiu usar o argumento de Goldsmith, embora tenha tentado remover o seu nome dos créditos a favor de King.
2. Feito com orçamento de 800 mil dólares, arrecadou 14,568,589 milhões nas bilheteiras, o que significa que o estúdio teve 13,768,589 milhões de dólares de lucro.
STAND BY ME (1985)
A minha opinião: Com uma história simples e assente no poder da amizade, Stand By Me (Conta Comigo, em Portugal) é um clássico intemporal que relata a jornada de quatro miúdos em busca de um cadáver. É uma das adaptações mais minimalistas de Stephen King, no sentido em que carece de terror e enredo elaborado, mas que faz com que mergulhemos nas aventuras vividas pelos rapazes e sintamos que estamos mesmo ali ao lado deles em cada segundo da jornada. Uma obra carregada de nostalgia, que traz memórias dos tempos em que a sociedade não era obcecada pelo politicamente correto e redes sociais, e em que a melhor sensação do mundo era perdermo-nos numa floresta com os nossos melhores amigos e viver o presente, livres da ideia de captar cada momento numa foto do Instagram.
1. Baseado na novella The Body, publicada em 1982 na coletânea Different Seasons.
2. As filmagens começaram a 17 de junho e terminaram no fim de agosto de 1985. Partes do filme foram filmadas em Bronsville, Oregon, que foi selecionada para fazer de Castle Rock devido ao ambiente de cidade pequena dos anos 1950. Cerca de 100 residentes locais foram empregados como figurantes.
3. A Columbia Pictures, receosa de que o título original, The Body, fosse enganador, rebatizou o filme de Stand By Me. Segundo o argumentista Raynold Gideon, The Body «parecia um filme de sexo, um filme de culturismo ou outro filme de terror do Stephen King. O Rob pensou em Stand By Me, e acabou por ser a opção menos impopular».
3. Depois de uma exibição privada do filme, King ausentou-se por quinze minutos para se recompor. Voltou mais tarde para comentar: «É o melhor filme já feito a partir de algo que eu escrevi, o que não é dizer muito. Mas capturaram realmente a minha história. É autobiográfico».
4. O lago em que os rapazes caem era artificial porque a equipa queria que eles estivessem seguros. No entanto, construíram-no e encheram-no de água no início de junho e quando filmaram a cena, era o fim de agosto. Por isso, o lago estava no bosque há três meses e não sabiam o que estava lá dentro.
5. Os cigarros que os rapazes fumam no filme eram feitos de folhas de couve, por insistência do realizador.
6. River Phoenix perdeu a virgindade durante as filmagens. O jovem ator foi trabalhar um dia com um grande sorriso na cara depois de passar a noite com uma amiga da família. Ele escreveu a Rob Reiner (realizador) num pedaço de papel: «Finalmente aconteceu». Corey Feldman bebeu álcool, beijou uma rapariga e fumou erva pela primeira vez durante esse verão de 1985.
7. As sanguessugas eram falsas. Eram de látex moldado, coladas com cimento de borracha, que era irritante para a pele. O cimento misturado com corante vermelho para simular sangue fez com que lhes fosse negada a entrada num escorrega de água depois das filmagens desse dia porque parecia uma doença de pele contagiosa.
8. Para a cena do vómito, uma padaria local forneceu as tartes e recheio extra, que foi misturado com queijo cottage e mirtilos.
9. No Rotten Tomates, o filme tem uma classificação de 91% com base em 54 críticas, com uma média de 7.98/10. O consenso diz: «Stand By Me é um filme sábio e nostálgico com uma veia esquisita que captura tanto a voz de Stephen King como as provações de crescer».
CAT'S EYE (1985)
A minha opinião: Ao ver os filmes para compor esta página do MUNDO DO CINEMA, deparei-me com esta pérola de que nunca tinha ouvido falar. Escrito pelo próprio King (o que é SEMPRE um ponto a favor, na minha opinião), é uma antologia composta por três histórias (duas delas adaptadas de contos do autor e uma criada especialmente para o filme), todas elas ligadas por um gato. O filme é incrivelmente tenso e prende o espetador logo na primeira história, até à terceira, que, apesar de ser interessante, é a mais fraca das três. Não vou falar sobre elas - este é o tipo de filme que quanto menos soubermos, melhor - mas recomendo-o vivamente A Força do Mal, pois adorei cada segundo. A banda sonora composta por Alan Silvestri é um forte ponto a favor.
1. Feito com um orçamento de 7 milhões de dólares, arrecadou 13,086,298 milhões de dólares nas bilheteiras dos Estados Unidos, o que significa que o estúdio lucrou 6,086,298 milhões de dólares.
2. Contra os desejos do realizador Lewis Teague, o estúdio cortou um prólogo que explicava as motivações do gato. Consideraram-no "demasiado tolo". Como resultado, muitos espetadores ficaram confusos com a ligação entre as três histórias.
3. Stephen King escreveu o filme com a pequena Drew Barrymore em mente, porque o produtor Dino de Laurentiis ficou impressionado com a sua atuação em O Poder do Fogo (1984).
4. A música Every Breath You Take dos Police é ouvida em algumas cenas. Como a versão original era demasiado cara, foi usado antes um cover da música.
SILVER BULLET (1985)
A minha opinião: UAU. Amei este filme. Antes de mais, o protagonista/herói é paraplégico. Ver esse tipo de representatividade num filme de 1985 (em que a representatividade não tinha tanto peso como hoje), é incrível. Em segundo lugar, tudo neste filme bate certo. Temos personagens carismáticas (é impossível não gostar do tio Red; o momento em que ele mostra ao sobrinho a mota/cadeira de rodas personalizada que mandou fazer para ele é de aquecer o coração), suspense (afinal, desde o início do filme queremos saber quem é o lobisomem), tensão (que se torna quase palpável na cena em que Jane, a irmã de Marty, anda a pedir garrafas aos habitantes locais para ver quem está zarolho após o irmão acertar no olho do lobisomem com fogo de artifício na noite anterior), surrealismo (a sequência do sonho com a igreja cheia de lobisomens é inesquecível) e, claro, sanguinolência. Temos ainda (alerta para SPOILERS adiante) uma abordagem ao fanatismo religioso. Afinal, após descobrirmos que o Reverendo Lowe é o lobisomem, ele tenta justificar os seus assassinatos. "A nossa religião ensina que o suicídio é o maior pecado que podemos cometer. A Stella ia suicidar-se. E se o tivesse feito, estaria a arder no inferno neste momento. Ao matá-la, tirei a sua vida física, mas salvei a sua vida eterna". Cometer atrocidades em nome da religião e agir como se isso justificasse alguma coisa, quando é que isso vai mudar? Tenho uma novidade para ti, Reverendo: se te suicidares, não estás a fazer mal a ninguém nem a cometer um crime. Mas ao assassinares uma pessoa, bem... Diria que o ponto mais fraco do filme é a banda sonora. Não está à altura do resto, não acompanha a tensão que vemos nas imagens, não há nenhuma música que se destaque. Os efeitos especiais estão muito bons para a época, especialmente no fim, quando o lobisomem regride à forma humana. Por fim, adorei ver Everett McGill com uma pala no olho, à semelhança da que a sua mulher Nadine usaria anos mais tarde na icónica série Twin Peaks. Em conclusão, é triste que não seja este o tipo de produções de que as pessoas se lembram quando se fala de adaptações de Stephen King (este filme foi escrito pelo próprio King).
PS: Corey Haim, que tinha 13 anos quando interpretou Marty neste filme, estava longe de imaginar que a sua trajetória por Hollywood seria marcada por abuso sexual e drogas e que morreria precocemente aos 38 anos, vítima de uma pneumonia. Essa é uma tristeza que não dá para afastar quando vemos este filme em 2018 e sabemos o que veio depois na vida dele.
1. Feito com um orçamento de 7 milhões de dólares, arrecadou 12,361,866 milhões.
2. Felix Vasquez Jr. do Film Threat chamou a O Segredo da Bala de Prata «um ótimo filme de terror». O Cultsploitation.com, num diálogo sobre o filme, discutiu os elementos temáticos, dizendo que «o elemento marcante é a deficiência de Marty, que dá nome ao filme e também tem um tema bastante progressista: não deixes que uma deficiência te defina».
3. As filmagens começaram em outubro de 1984 e levaram cerca de dois meses e meio a completar, terminando pouco antes do Natal.
4. No livro, o lobisomem rosnava em palavras quase humanas e o lobisomem era suposto falar no argumento original, embora isso tenha sido eliminado após ter sido reescrito.
5. Gary Busey sentiu uma certa afinidade com a personagem do Tio Red e teve autorização para improvisar as suas falas em certos takes de cada cena em que aparecia. Apesar de ler as falas do argumento na maioria dos takes, Stephen King e Daniel Attias gostaram mais das cenas improvisadas e decidiram incluir a maior parte delas no corte final do filme.
6. Busey fez todas as suas acrobacias. No final do filme, quando é atirado pelo quarto, o ator teve de correr e saltar (fora da câmara) para cima de uma catapulta comprimida por ar que o lançava através do ar para várias peças de mobília. Ele sofreu uma lesão na parte em que aterra contra o espelho devido ao vidro artificial. Isto é evidenciado no filme quando um pedaço é visto cravado no seu braço (que sangra) enquanto ele cai para o chão. A sua reação do lobisomem a atravessar a parede foi genuína, uma vez que não houve ensaio dessa cena e ela ficou completa num único take.
7. King pediu para o lobisomem ser ambíguo, simples e difícil de ver, em contraste com os monstros pesados vistos em outros filmes e livros na primeira metade dos anos 80. Após ver o design de Carlo Rambaldi, conforme o pedido de King, o produtor Dino de Laurentiis ficou descontente e exigiu uma mudança, que tanto King como Rambaldi recusaram. A pré-produção atrasou-se e o realizador da altura, Don Coscarelli, optou por começar a filmar as cenas sem o lobisomem sem saber o que aconteceria com o fato de lobisomem. Após completar as cenas e sem ter uma imagem clara sobre o que aconteceria com o filme, Coscarelli demitiu-se e foi substituído por Dan Attias. Quando pressionado para cancelar o filme ou aceitar o design, de Laurentiis cedeu e autorizou que as filmagens continuassem com o fato de lobisomem de Rambaldi. Um ator de dança moderna foi contratado para realizar as acrobacias dentro do fato, mas Laurentiis também ficou descontente com a sua atuação e exigiu uma mudança. Como resultado, Everett McGill, que interpretou o Reverendo Lester Lowe em forma humana, acabou por representar a maior parte das cenas dentro do fato de lobisomem e foi creditado com um papel duplo.
8. A construção completa do fato de lobisomem demorou três meses. Após a finalização da forma e do design, usando cabeças de argila tridimensionais, o fato inteiro era feito de espuma e poliuretano e era coberto de pelo de urso verdadeiro. A cabeça do fato era mecanicamente operada por seis pessoas a uma distância até 10 metros.
9. A sequência do sonho utilizou um total de 70 figurantes que foram divididos em quatro grupos com diferentes níveis de maquilhagem e vestuário. Variavam de aproximadamente dez atores principais usados para grandes planos e tomadas de ação, que tinham os looks mais aprimorados, enquanto os restantes foram apenas feitos para parecer ameaçadores e preencher o resto da igreja para dar uma aparência de casa cheia.
10. O fogo de artifício nas cenas da ponte foi filmado em duas ocasiões, com meses de diferença. Depois de se completar a fotografia principal, no outono de 1984, foi descoberto um problema de continuidade. Os planos gerais e os grandes planos de Marty a acender o fogo de artifício não correspondiam. Regressaram quatro meses depois para refilmar estas cenas, e na altura (devido à mudança sazonal), grande parte das árvores tinha perdido as folhas. Foi empregue muito esforço nas refilmagens de perto para não mostrar isto no fundo.
CREEPSHOW 2 (1987)
A minha opinião: Um índio de madeira que ganha vida para se vingar de ladrões, uma substância viscosa à deriva num lago que devora quem dela se aproxima, uma vítima de atropelamento que volta à vida para atormentar quem o atropelou, plantas carnívoras gigantes que devoram bullies... Esta sequela tem tudo. Amei cada segundo, achei-a um entretenimento muito mais eficaz do que o primeiro filme. Com meia hora e duas histórias a menos do que o original, Creepshow 2 nunca cansa, nunca se torna maçador, e adota uma atmosfera mais crua e arrepiante do que o primeiro filme. Desta vez, uma versão animada do Creep (outro ponto a favor neste filme: tem ainda mais animação) introduz cada conto com muitos trocadilhos à mistura. Não temos atores famosos neste, mas Stephen King dá um ar de sua graça como o camionista no último segmento, The Hitchiker.
1. O realizador deste filme, Michael Gornick, foi o diretor de fotografia do primeiro.
2. Ao contrário do primeiro filme, Creepshow 2 só contém três histórias em vez de cinco. Originalmente, mais duas histórias, Pinfall e Cat from Hell, iam aparecer no filme, mas foram descartadas por motivos de orçamento; no entanto, a segunda foi filmada para a antologia Contos da Escuridão: O Filme(1990).
3. Stephen King escreveu um esboço para o filme, que George A. Romero depois adaptou para um argumento. O segundo dos três segmentos, The Raft, é baseado no conto homónimo de 1982 publicado pela primeira vez na revistaGallery. Os outros dois segmentos são histórias originais para o filme.
4. Daniel Beer, que interpretou Randy no segmento The Raft, quase morreu de hipotermia. A água estava tão fria que o corpo dele ficou verde. A equipa queria que ele continuasse a representar, mas o realizador disse que se o fizessem continuar a trabalhar, ele iria abandonar o set e nunca voltar. Por isso, levaram-no ao hospital e ele recuperou totalmente, e completou o segmento.
5. O Allmovie deu uma crítica negativa ao filme e mencionou: «Esta sequela menos satisfatória da antologia de 1982 de George A. Romero / Stephen King apresenta um novo trio de histórias de King, enquadradas num formato semelhante estilo banda desenhada da EC - desta vez incluindo alguns segmentos animados bastante medíocres envolvendo o anfitrião de terror "The Creep", que apresenta cada capítulo com humor negro carregado de trocadilhos».
6. Feito com um orçamento de 3,5 milhões de dólares (bem menor do que o orçamento de 8 milhões do primeiro filme), arrecadou 14 milhões nas bilheteiras, resultando num lucro de 10,5 milhões para o estúdio.
GRAVEYARD SHIFT (1990)
A minha opinião: The Graveyard Shift, que estreou por cá como O Túmulo Vivo, é uma adaptação do conto homónimo de 13 páginas de Stephen King publicado pela primeira vez na edição de outubro de 1970 da revista Cavalier. A decisão da Paramount de adaptar um material de origem tão escasso para uma longa-metragem, vinte anos após a sua publicação, mostra que, na altura, os estúdios estavam ansiosos por deitar as mãos a qualquer coisa assinada por Stephen King. Este filme é, como seria de esperar, medíocre. O ponto forte de The Graveyard Shift é o visual: o moinho têxtil infestado de ratos junto a um cemitério compõe uma atmosfera sinistra, e tanto o covil da criatura como a criatura em si estão bem conseguidos (tendo em conta o baixo orçamento e o ano em que isto foi produzido, claro). O pior desta produção é o argumento: pouco acontece, não há sustos suficientes (a meio do filme, parece que estamos a assistir a uma telenovela), as personagens são todas detestáveis e o protagonista não podia ser mais raso - ao longo do filme, pouco descobrimos acerca dele além de que é viúvo e andou na universidade. Quais são as ambições dele? Graveyard Shift não tem qualquer subtexto para o espetador interpretar, quaisquer analogias que enriqueçam a história: é entretenimento puro para os amantes de terror (sobretudo fãs de King), superficial, para ver com o cérebro desligado. O filme termina de forma demasiado abrupta; assim que o monstro morre, começam os créditos ao som de um curioso remix de falas do filme. O cartaz do filme (que tem o descaramento de dizer: «Stephen King levou-o ao limite com 'The Shining' e 'Pet Sematary'. Desta vez... leva-o além») é melhor do que o filme inteiro. Se há coisa que estes produtores gananciosos sabem fazer, é fazer os filmes parecer melhores do que realmente são.
1. Feito com um orçamento de 10.5 milhões de dólares, arrecadou 11,582,895 domesticamente, o que significa que o estúdio amealhou cerca de um milhão de dólares apenas nos Estados Unidos.
2. O filme estreou em primeiro lugar no primeiro fim de semana de exibição.
SLEEPWALKERS (1992)
A minha opinião: Andava muito ansioso para ver este Sonâmbulos, porque: a) o argumento é escrito pelo próprio King e - pasmem! - é uma história original para o cinema, sem ser baseada num livro; b) protagonizado por Madchen Amick, a eterna Shelley de Twin Peaks (a série fora cancelada no ano anterior). Ao ver o filme, deparei-me com outras agradáveis surpresas. Nomeadamente, o protagonista eye candy, Brian Krause; a banda sonora sólida e marcante ("Boadicea" de Enya e "Sleep Walk" de Santo e Johnny são incríveis) e a história bizarra, com os ingredientes chave incesto e amor proibido. Gostei que o filme estivesse a seguir o cliché do amor perigoso (rapaz apaixona-se pela rapariga que constitui o seu alimento e, ó meu deus, conseguirá ele superar o seu apetite e tornar-se bom pela rapariga que ama?), para depois nos revelar que ele na realidade não passa de um monstro. Foi uma boa reviravolta, porque pensei mesmo que ele estava a apaixonar-se pela Tanya e ia poupá-la. A maquilhagem e os efeitos especiais são datados, mas bons para a época. O cartaz (acima) é espetacular. O filme é curto e altamente divertido. Mais do que recomendado. Mas... como raio é que alguém morre apunhalado com uma espiga de milho nas costas? Curiosidades:
1. Feito com orçamento de 15 milhões de dólares e arrecadou 30 milhões, o que significa que o estúdio lucrou 15 milhões de dólares.
2. Stephen King teve um cameo como o guarda do cemitério.
THE DARK HALF (1993)
A minha opinião: Não tenho nada contra uma boa história sobre um doppelganger malvado, desde que a explicação da sua origem seja convincente. A ideia de um pseudónimo ganhar um corpo e decidir vingar-se do escritor original por o "matar" publicamente é uma premissa interessante, mas a forma como A Face Oculta a desenvolve é ridícula. Vejamos... Thad Beaumont tinha um gémeo parasita alojado no cérebro que lhe foi removido cirurgicamente quando era criança. Em adulto, é um escritor de sucesso sob o pseudónimo George Stark. Quando decide "matar" Stark e revelar que ele é o verdadeiro autor dos livros, o seu pseudónimo ganha vida e faz a vida negra a Thad, matando as pessoas que o apoiaram a tomar a decisão. Que raio tem isto a ver com o gémeo parasita? A história não funcionaria melhor se o seu pseudónimo fosse a sua segunda personalidade (tipo Norma/Norman Bates)? E qual foi a ideia de acrescentar os pardais à história? Não li o livro, mas é óbvio que a história não é uma das melhores de King e adaptá-la ao cinema não foi uma boa ideia. Até pode ter resultado mais ou menos bem no papel, mas não é isso que transparece no ecrã. A Face Oculta consegue entreter, muito devido à interpretação sólida de Timothy Hutton e à realização competente de George A. Romero, mas não consegue desenvolver bem a sua premissa e as duas horas de duração arrastam-se e tornam-se cansativas. Uma pena.
1. Os críticos deram críticas mistas no Rotten Tomatoes (o filme teve uma nota média de 57% a partir de 21 críticas), embora tenham elogiado a atuação de Timothy Hutton, assim como o argumento. Roger Ebert deu 2 estrelas em 4 ao filme, elogiando a atuação contra o género de Hutton como Stark, que «definitivamente se livrou da sua imagem de bom rapaz». No entanto, Ebert criticou A Face Oculta por falhar em «desenvolver o seu tema de abertura sobrenatural» e nunca oferecer uma explicação satisfatória para a existência de Stark.
2. O filme foi gravado em parte na Faculdade Washington & Jefferson, perto de Pittsburgh, Pensilvânia. Notáveis no filme estão a capela do Old Main (o principal edifício académico da faculdade), vista no início do filme como a sala de aula de Beaumont, e o gabinete do capelão da faculdade, usado como o gabinete de Beaumont. Membros do corpo docente e discente serviram de figurantes no filme. Todos os locais de filmagens ficavam ao redor da área de Pittsburgh, Pensilvânia, devido à sua proximidade com a casa de Romero em Pittsburgh.
3. O filme foi a segunda incursão de Romero em filmar com o apoio de uma grande produtora, causando alguns problemas para o realizador notoriamente de baixo orçamento.
4. A Face Oculta foi filmado de outubro de 1990 a março de 1991, e esteve no limbo durante dois anos devido à situação financeira pouco animadora da Orion Pictures. O filme eventualmente foi lançado em abril de 1993.
5. Feito com um orçamento de 15 milhões de dólares, arrecadou 10,6 milhões, o que significa que o dinheiro que o filme fez nem sequer pagou aquilo que foi investido nele. Por outras palavras, foi um fracasso e causou prejuízo ao estúdio.
6. The Dark Half foi a última obra que Stephen King escreveu antes de ficar completamente sóbrio. O seu vício, e desejo de ficar sóbrio, refletem-se nos temas de duplas personalidades do livro.
7. Segundo Romero, por vezes era bastante difícil de trabalhar com Timothy Hutton. O ator até desistiu do filme por uns dias durante a produção.
8. No total, 4500 tentilhões foram usados para os pardais no filme. Os pássaros consumiam 45 quilos de alpista e 56 litros de água diariamente durante a produção.
9. Até ao lançamento do filme 1922 em 2017, A Face Oculta era a adaptação mais fiel de uma obra de Stephen King a ser filmada, possivelmente porque George Romero e King eram bons amigos.
NEEDFUL THINGS (1993)
A minha opinião: A minha interpretação de Coisas Necessárias: todos temos um "diabo no nosso ombro" que nos impele a fazer maldades para conseguirmos as nossas coisas necessárias, acabando por nos fazer pecar e reclamando a nossa alma, apesar de termos sempre uma opção. É isso que Leland Gaunt e a sua loja de coisas necessárias representam. Gosto muito destes filmes que trazem uma mensagem por baixo da superficialidade do terror. A ganância e a ambição podem levar-nos a fazer coisas terríveis. Coisas Necessárias é um bom filme, que seria ainda melhor se não tivesse duas horas de duração e não parecesse tão datado quando o vemos em 2017. Achei a primeira hora do filme particularmente divertida, antes de o terror propriamente dito começar. Depois, o filme torna-se demasiado longo.
1. O orçamento do filme é desconhecido, mas arrecadou 15 milhões de dólares nas bilheteiras dos Estados Unidos.
2. A cidade fictícia Castle Rock é também o cenário de Zona Perigosa, Cujo e A Face Oculta. O xerife Alan Pangborn, aqui interpretado por Ed Harris, também aparece em A Face Oculta, lançado antes no mesmo ano, interpretado por Michael Rooker.
3. Fraser C. Heston, a pedido da rede de cabo TNT, preparou uma mini-série de duas partes do filme, que incluía mais de uma hora de material cortado da versão cinematográfica. Esta versão foi publicitada sob o título More Needful Things (Mais Coisas Necessárias). Apesar do envolvimento de Heston, ele não considera esta versão um Corte de Realizador. Devido a questões legais, esta versão não foi lançada em vídeo. A mãe de Brian Rusk aparece nesta versão. Na sua história secundária, ela compra óculos de sol usados por Elvis Presley. Ela ainda pode ser vista no final da versão cortada do filme no final, a usar os óculos de sol.
4. No geral, o filme teve críticas negativas. Robert Ebert deu 1.5 de 4 estrelas ao filme, dizendo que este «apenas tem uma nota, que toca repetidamente, uma espécie de tortura de água satânica. Não é divertido e não é assustador, e é tudo um pouco deprimente». Janet Maslin, crítica do New York Times, disse: «Embora este não seja de modo algum o filme mais macabro ou mais tolo feito a partir de uma das horríficas fantasias do Sr. King, pode clamar ser o mais desagradável».
5. Needful Things foi o primeiro livro que Stephen King escreveu após a reabilitação do seu vício de drogas e álcool.
THINNER (1996)
A minha opinião: Este filme tem uma das premissas mais intrigantes e chamativas do repertório de adaptações de Stephen King. E é um dos raros casos em que a premissa é bem desenvolvida do início ao fim do filme, tornando-o uma experiência satisfatória. Maldição é um exemplar do sub-género body horror, que nos deixa com uma sensação de urgência à medida que o protagonista, vítima de uma maldição lançada por um cigano, definha a olhos vistos. Um das melhores coisas em Maldição (certamente não é este título de caca que lhe deram em Portugal) é a maquilhagem. Robert John Burke está quase constantemente maquilhado, quer seja para o engordar ou para o emagrecer. Mas o melhor exemplo é a transformação do Juiz Rossington, cujas tiras de pele semelhantes a cinza lhe caem da cara numa demonstração incrível do que a maquilhagem podia fazer num tempo em que o CGI não era tão comum. O filme entretém eficazmente até ao final, em que fecha com chave de ouro com uma reviravolta inesperada. E ainda deixa no ar a dúvida se a mulher do protagonista andava realmente a traí-lo. Ciganos, maldições que transformam pessoas em lagartos, tiros, estricnina, ácido, buracos nas mãos provocados por rolamentos, sexo oral no carro... este filme reúne os ingredientes certos na dose certa, tal como uma deliciosa tarte de morango (se virem o filme, vão perceber o trocadilho).
- Feito com um orçamento estimado de 14 milhões de dólares, arrecadou 15,3 milhões nos Estados Unidos, o que significa que o estúdio lucrou 1,3 milhão em território norte-americano.
- Durante a produção, o realizador Tom Holland foi atacado por Bells-Palsy, um vírus que lhe paralisou metade da cara. Os efeitos podiam ter sido minimizados se ele tivesse recebido um esteroide imediatamente - mas os produtores insistiram que ele continuasse a trabalhar, de forma que passaram 36 horas antes que ele fosse a um médico. Holland demorou mais de um ano e meio a recuperar totalmente, o que resultou no fim da sua carreira em Hollywood durante uma década (desde então, apenas realizou Rock Paper Dead em 2017, que ainda nem sequer foi lançado).
- O realizador não ficou contente com o final; os produtores mudaram o original (que era fiel ao livro) porque todas as audiências de teste o odiaram. O filme estava previsto estrear a 3 de maio de 1996, mas o estúdio adiou o lançamento até outubro devido às reações negativas das audiências de teste que, alegadamente, queriam mais sanguinolência e odiaram o final. Em abril, a equipa regressou ao Maine para seis dias de refilmagens.
- No final original, Billy está zangado com a mulher, mas é porque a culpa pelo acidente e por não acreditar nele quando ele lhe fala da maldição do cigano (não porque ela está a ter um caso com o Dr. Mike). A filha de Billy come a tarte amaldiçoada e Billy, sabendo que ela ia morrer, também come a tarte, suicidando-se.
- Nem o filme nem o livro especificam o que o cigano diz ao xerife Hopley, mas especula-se que possa ter dito algo como "lepra", "furúnculos" ou "bolhas".
- Na sua fase mais magra, Billy Halleck pesava 54 quilos, o que foi um desafio para a equipa de efeitos especiais, uma vez que o ator John Burke pesava 72 quilos na altura da produção. Burke perdeu 9 quilos para interpretar o papel. Dependendo da fase da deterioração da personagem, Burke tinha de passar quatro a seis horas cada dia na cadeira da maquilhagem.
- Após receber o argumento de Michael McDowell em 1990, o realizador Tom Holland teve de reescrevê-lo mais de 10 vezes antes de os executivos darem luz verde para a produção do filme.
- Stephen King tem um cameo como o Dr. Bangor.
- O livro é parcialmente baseado num episódio da vida de King. Ele pesava 107 quilos e foi avisado pelo seu médico que precisava de perder peso e deixar de fumar. Embora ele tenha perdido peso, ficou zangado com o facto de a decisão de perder peso não ter sido sua - era uma decisão que ele sentia que lhe tinha sido impingida pelo médico. Começou a contemplar o que aconteceria se alguém perdesse peso e depois fosse incapaz de parar de o perder - e a ideia para Thinner começou a germinar na sua mente.
- Maldição recebeu críticas geralmente negativas. O filme tem uma classificação de 16% no Rotten Tomatoes, com base em 18 críticas. James Berardinelli deu ao filme 2 estrelas em 4, escrevendo: «Maldição podia ter sido uma oportunidade para examinar a ética de um advogado manhoso que se recusa a aceitar responsabilidade pelas suas ações... Infelizmente, questões de moralidade são de importância secundária para um filme que enfatiza os seus aspetos de O Justiceiro da Noite». Owen Gleiberman da Entertainment Weekly deu ao filme uma classificação D, escrevendo: «Como demasiados filmes de Stephen King, Maldição é tudo conceito (descarnado) e nenhuma finalização». Mick LaSalle do San Francisco Chronicle deu uma crítica mais positiva, chamando ao filme«um dos melhores filmes derivados de King». No livro Creepshows: The Illustrated Stephen King Movie Guide, o autor Stephen Graham Jones diz que o fracasso crítico e quase financeiro de Maldição se deveu ao facto de que o«filme de espírito malvado não tinha uma única personagem agradável».
THE SHINING (1997)
A minha opinião: Tanto Stephen King como eu não gostámos de The Shining(1980), realizado por Stephen Kubrick. Sim, é icónico, e considerado um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, mas excessivamente longo, com protagonistas insuportáveis, e NADA fiel à obra-prima lançada por King em 1977. Um dos principais defeitos apontados por KIng é que a personagem de Jack Torrance é apresentada como louca desde o início do filme. Esta adaptação, produzida 20 anos depois do lançamento do livro, foi uma nova oportunidade de dar a conhecer a história, desta vez muito mais próxima ao livro. E King, que redigiu o argumento dos três episódios de uma hora e meia, aproveitou-a bem. Em primeiro lugar, os atores são bem mais agradáveis à vista e correspondentes à descrição no livro, e as personagens são melhor desenvolvidas. À exceção de alguns pormenores, toda a história do livro é transferida para o ecrã numa carta de amor de King à sua própria obra. Nunca em toda a minha vida vi uma adaptação tão fiel ao material de origem. Temos o ninho de vespas, a referência ao Barba Azul, as sebes vivas (feitas com um CGI competente, tendo em conta o baixo orçamento e o ano de produção), a mulher na banheira (interpretada pela mulher de Mick Garris, o realizador), o baile de máscaras - tudo o que podemos encontrar no livro e que o maldito filme de 1980 não nos tinha dado. Uma verdadeira representação de uma das melhores obras de King, que funciona como um complemento do livro. Aqui, não há gémeas sinistras, nem "All work and no play makes Jack a dull boy", nem labirinto. Isto é puro Stephen King, e um deleite de assistir. Na minha opinião, a influência nefasta que o hotel exerce sobre Jack Torrance é uma metáfora para o álcool e a forma como ele altera o comportamento das pessoas (o hotel chega mesmo a materializar ácool para Jack beber).
1. O hotel que vemos na série é o mesmo que inspirou King a escrever o livro: o Stanley Hotel em Estes Park, Colorado. O hotel foi usado para as filmagens no exterior e no design dos cenários interiores. Também foram gravadas cenas no verdadeiro interior do hotel, no entanto, foram usados adereços para aumentar a atmosfera antiquada do edifício.
2. Ken Tucker da Entertainment Weekly escreveu uma crítica da mini-série:«Há um profundo e rico arrepiamento a imbuir The Shining de Stephen King que torna esta mini-série o mais assustador filme para TV alguma vez feito». Ray Richmond da Variety afirmou: «Com seis horas, a sua lentidão é cuidadosamente calculada; o arrepiamento que nos deixa na expetativa do que vai acontecer desenrola-se com uma credibilidade lânguida que vai prender os espetadores cedo e agarrá-los. Esta mini merece o seu enorme comprimento, usando cada minuto para pintar uma imagem de surpreendente complexidade e profundeza emocionais».
3. A mini-série ganhou dois Prémios Emmy por Maquilhagem Excecional e Edição de Som Excecional. Também foi nomeada para Mini-Série Excecional. Também ganhou dois Prémios Saturn por Melhor Apresentação Televisiva de Género Único e Melhor Ator Televisivo de Género Único (Steven Weber).Courtland Mead foi nomeado para um Prémio de Jovem Artista por Melhor Atuação num Filme de TV / Piloto / Mini-Série.
4. O quarto 217 do Stanley Hotel tinha fama de ser assombrado e foi onde King ficou hospedado em 1974. No entanto, o quarto verdadeiro fica numa esquina, não no meio de um corredor como aparece no filme.
5. Stephen King tem um cameo como o maestro no terceiro episódio.
6. Algumas das vespas tiveram de ser feitas com CGI, como quando Jack descobre o ninho no telhado.
DREAMCATCHER (2003)
A minha opinião: Isto é tão mau... Extraterrestres que saem pelo ânus e falam com sotaque britânico, um atrasado mental com poderes telepáticos que os transfere a quatro rapazes... Como é que alguém pensou que isto ia dar certo? Por vezes, faz lembrar It, mostrando os amigos no passado e no presente e, em boas mãos, poderia ter sido uma história melhor desenvolvida e contada. É uma pena; a banda sonora é empolgante, a fotografia é bonita, o elenco é talentoso, os efeitos especiais são incríveis, e o argumento... é uma merda. Por vezes, o filme é tão bizarro e ridículo que desiste de tentar levar-se a sério e aventura-se no humor. Mas não resulta. Nunca nada resulta. O Caçador de Sonhos é um filme esquizofrénico, não sabe ao que veio, nunca é claro que tipo de extraterrestres são aqueles ou o que querem, nada faz sentido, num momento o filme sugere que devemos rir-nos, depois já nos exige que levemos tudo a sério, uma bagunça autêntica. Razões para eu rever isto? Se me pagassem bem ou sob ameaça de arma.
1. Feito com um orçamento de 68 milhões de dólares, arrecadou 75,7 milhões nas bilheteiras, o que significa que o estúdio "lucrou" 7,7 milhões, ou seja, o filme esteve longe de se conseguir pagar e deu um grande prejuízo.
2. A crítica de Mick LaSalle para o San Francisco Chronicle resumiu o fime como «um agradável desastre». Richard Roeper comentou que «não desde Smoochy tantas pessoas talentosas fizeram uma salgalhada das coisas». Robert Ebert deu ao filme 1.5 estrelas de um possível 4, escrevendo: «O Caçador de Sonhos começa como a intrigante história de amigos que partilham um dom telepático, e acaba como um filme de monstros de impressionante ruindade. O que correu mal?». Ebert pensou que o Armazém da Memória de Jonsey foi um destaque, e suficientemente intrigante para ser o foco de um filme, apesar de O Caçador de Sonhos negligenciar o conceito para, em vez disso, enfatizar a sanguinolência.
3. O filme é baseado no livro homónimo lançado em 2001. A obra, escrita à mão, ajudou Stephen King a recuperar de um acidente de carro em 1999 (o acidente reflete-se na história, particularmente numa cena explícita em que um veículo atropela uma personagem principal), e foi terminado em meio ano. O título provisório era Cancer (Cancro). A mulher do autor, Tabitha King, convenceu-o a mudar o título. Em 2014, King disse à Rolling Stone que não gosta muito de Dreamcatcher e que o livro foi escrito sob a influência de oxicodona.
4. Stephen King vendeu os direitos do filme por um dólar. Eu diria que isto é o autor a assumir que a história literalmente não vale nada.
RIDING THE BULLET (2004)
A minha opinião: Riding the Bullet recebeu por cá o desinspirado título Boleia Arriscada (à semelhança de outros filmes como Boleia Perigosa e Boleia Sexy; parece que fazem todos parte da mesma série de filmes). A premissa do filme (adaptado do ebook homónimo de 2000) é simples: nos anos 60 (sempre um período interessante de ver representado), um jovem com tendências mórbidas e uma imaginação hiperativa apanha várias boleias para visitar a mãe que está internada no hospital após sofrer um AVC. Acontece que uma das boleias é um tipo morto - uma espécie de morto-vivo - que o obriga a escolher quem morre: ele ou a mãe. O rapaz, desesperado, acaba por escolher a mãe, que ele imagina que poderá ter pouco tempo de vida, e, quando chega ao hospital, descobre que ela ainda está viva, apenas para morrer uns anos depois. Achei o filme bastante interessante e cativante, com todo aquele surrealismo, e um protagonista meio esquizofrénico, e, no geral, foi uma viagem divertida. Penso que a chave do significado desta história está na fila para a "Bala". Todos "esperamos na fila" durante o nosso tempo de vida, até que a "Bala" chega e nos mata. "Montar a bala" é morrer. Quando Alan escolhe que a mãe morra em vez dele, é uma decisão precipitada. Se a mãe morresse em vez dele, que significado teria a vida dele depois disso? Seria uma existência vazia de significado e cheia de culpa, porque ele tomou uma má decisão. Não seria melhor sacrificar-se pela mãe, de forma a não ter de viver num mundo em que a condenou à morte? Sinto também que esta história é sobre decisões e como elas podem comprometer a nossa qualidade de vida. Se há uma lição a retirar daqui, para mim seria: pensa duas vezes, porque não sabes quanto tempo vais estar na fila até que aquela bala chegue e acabe com tudo. Vive da melhor maneira que puderes.
1. O filme, que teve uma estreia limitada nos cinemas, não foi um sucesso, arrecadando apenas 134,711 mil dólares nas bilheteiras americanas.
A GOOD MARRIAGE (2014)
A minha opinião: Um thriller lento, que se foca na reação de uma mulher ao descobrir que o marido é um assassino em série em vez de na carnificina exercida por ele. O filme carece de cenas memoráveis (e, sejamos realistas, de acontecimentos) e tem problemas de ritmo. Spoiler alert: a mulher finge perdoar o marido, mas depois mata-o e decide guardar segredo da verdadeira identidade dele para poupar os filhos. Mas depois aparece um detetive que desconfia do marido e (depois de ela tentar matá-lo e falhar), no fim decidem guardar o segredo juntos. Nem o argumento escrito pelo próprio King salva o filme de ser um fracasso total. O filme foi lançado antes do "renascimento" de Stephen King em 2017 e o facto de o cartaz ter de relembrar às pessoas que se trata do autor de The Shining e Misery não é um bom augúrio. A sensação é de que se trata de um filme feito para televisão. Não gostaria de o rever. Sem atores conhecidos (exceto Stephen Lang) que chamem a atenção, este filme já nasceu morto.
1. Baseado no conto homónimo publicado na coletânea Full Dark, No Stars (2010).
2. King afirmou que a personagem de Bob Anderson foi inspirada por Dennis Rader, o infame "Assassino BTK". Como Rader, Anderson tortura e mata as vítimas, depois envia a identificação delas à polícia; as vítimas de Anderson, como as de Rader, são mulheres e crianças. Também como Rader, Anderson é um pilar da comunidade que é bem visto pelos amigos e colegas. King disse que se sentiu inspirado a escrever a história depois da indignação pública contra a mulher de Rader, Paula, que era casada com ele há quase trinta anos, no entanto, parecia não ter conhecimento dos seus crimes.
SEQUELAS
A RETURN TO SALEM'S LOT (1987)
A minha opinião: Parece que as pessoas que fizeram este filme tinham apenas uma vaga memória do enredo de Salem's Lot (1979) e que apenas se lembravam que havia uma "cidade com vampiros". De um filme para o outro, esta cidade está povoada por vampiros há 300 anos (!), o que vai contra o que nos foi mostrado na obra original. Não me interpretem mal, eu até gostei do filme, apesar de a mini-série de 1979 ter mais valor cinematográfico do que isto. Há algumas boas ideias - gostei do casamento entre as "crianças" (que, na verdade, são vampiros em corpos de criança), o facto de os vampiros beberem sangue de vaca porque é perigoso beber sangue humano devido à epidemia de SIDA, e quando os vampiros esvaziam um autocarro sob o pretexto de um acidente para beber o sangue dos passageiros. Tudo isto faz o filme parecer mais fixe do que é, mas, acreditem que, no ecrã, não é. A banda sonora é medíocre, as atuações são risíveis, e todo o argumento é uma piada, no qual ainda se arranja espaço para comparar o vampirismo a uma religião que precisa de uma bíblia e os vampiros a nazis. Há algumas falas que me fizeram rir à gargalhada, que é o melhor que posso dizer deste filme, e deixo-as aqui:
a) "Não gosto de coisas que te chupam o sangue e têm conversas a seguir"
b) "Devo confessar que prefiro sangue humano. O Axel diz que tenho um problema com a bebida"
c) "Daqui a 500 anos, quem vai acreditar que havia nazis?
1. Filmado em Vermont.
2. The Des Moines Register deu uma classificação de zero estrelas ao filme, chamado-lhe um «festival de más atuações» e «possivelmente o filme de vampiros mais amadoramente feito de que há memória», acrescentando: «Return, de facto, parece um filme feito por pessoas que ouviram falar de como se faz filmes, mas que nunca viram um». Jim Schembri do The Age comentou que o filme «abusa da hospitalidade passados cerca de cinco minutos». O DVD Talk afirmou que o filme era «demasiado interessante para perder, mas, lamentavelmente, não muito assustador».
PET SEMATARY II (1992)
A minha opinião: Devo começar por dizer que gostei bastante deste filme, talvez porque tinha baixas expetativas. O enredo é semelhante ao do original. Houve momentos em que dei por mim a gostar mais deste do que do primeiro filme, mas acaba por ficar ela por ela. Um cão zombie é mais assustador do que um gato zombie; por outro lado, um bebé zombie é mais assustador do que um homem zombie. Cemitério Vivo II não é assustador em si, mas contém alguns elementos assustadores, como a perda de um ente querido, maus tratos a animais (o verdadeiro terror aqui), bullying e violação. Boa fotografia, boa maquilhagem e efeitos especiais. Este filme confirma que aqueles que voltam dos mortos depois de serem enterrados no cemitério continuam mortos, já que não têm batimento cardíaco, o que faz deles realmente zombies. O filme também oferece algumas informações sobre o que aconteceu após o primeiro filme: Ellie enlouqueceu, matou os avós, foi internada num hospital psiquiátrico e fugiu (mas, uma vez que foi o bully a contar esta história, duvido da sua veracidade) e Rachel, a mulher de Louis no primeiro filme, foi morta uma segunda vez, mas não sabemos por quem, ou se Louis sobreviveu. Cemitério Vivo II deixa de lado os extras sobrenaturais do primeiro filme, como o fantasma bom samaritano e Zelda voltando através de Gage, e foca-se nos zombies. Gostei mesmo desta sequela, se a virmos sem esperar grande coisa, acaba por ser um filme agradável e divertido. Vamos às curiosidades...
1. O conceito original para o filme teria envolvido Ellie Creed como a personagem central, a única sobrevivente do primeiro filme. No entanto, a Paramount não estava confiante em tornar uma rapariga adolescente protagonista do filme, por isso, a história foi escrita com personagens completamente novas e um protagonista masculino.
2. Mary Lambert, novamente a realizadora, disse: «Queria realmente entrar na ideia do que se passa na cabeça de um rapaz adolescente, sobre porque é que eles fazem coisas estúpidas. Porque esse é o tipo de coisa estúpida que um rapaz adolescente faria! Louis Creed enterra o filho por causa de um desejo intenso, uma sensação de que é culpa sua que o rapaz tenha morrido, mas a personagem do Edward Furlong enterra o Clancy Brown no Cemitério dos Animais porque é um rapaz adolescente e é estúpido! Para os rapazes adolescentes, o sangue não está a ir para o cérebro deles; está a ir para outro sítio qualquer».
3. No argumento original, a cena da violação era mais longa e explícita.
4. Stephen Holden do New York Times escreveu que o filme «é muito melhor em efeitos especiais do que a criar personagens ou a contar uma história coerente». Kevin Thomas do Los Angeles Times escreveu: «Não tão assustador como o original de 1989, contudo, expressa e tenta resolver em arrojados termos mitológicos as ansiedades de ter 13 anos». A Variety escreveu: «Cemitério Vivo II é cerca de 50% melhor do que o antecessor, o que quer dizer que não é lá muito bom». Richard Harrington do Washington Post comparou-o a um episódio «alongado de Contos da Cripta» e criticou o argumento como uma repetição do primeiro. Jay Carr do Boston Globe chamou-lhe «melhor entretenimento do que o primeiro», mas mais um remake do que uma sequela. Patrick Naugle do DVD Verdict escreveu: «Tudo em Cemitério Vivo II fede como os mortos».
CHILDREN OF THE CORN II: THE FINAL SACRIFICE (1992)
A "história": As crianças de Gatlin são transferidas para a cidade vizinha de Hemingford e adotadas pelos residentes. Um repórter a tentar salvar a sua carreira vai para lá com o filho Danny para investigar o que se passou. Uma das crianças, Micah, é possuída por Aquele que Caminha Atrás das Filas e torna-se o novo líder do culto de crianças, que começam a matar os habitantes de Hemingford. O filme ainda traz uma subtrama desnecessária sobre uma tentativa de vender milho contaminado com aflatoxina da colheita do ano anterior misturado no meio do milho novo na qual o xerife e alguns outros estão envolvidos, e ainda é sugerido que essa substância tóxica pode causar a loucura das crianças. No fim, John e o seu companheiro índio Frank Red Bear estraçalham Micah com uma ceifeira de milho e vão-se embora e vivem todos felizes para sempre.
A crítica: Sacrifício Final é o que se propunha ser. Vi-o com baixas expetativas e acabei por gostar. O filme ainda consegue assustar. Não sei quanto a vocês, mas um grupo de crianças sinistras a sair de um milheiral a meio da noite com lanternas dá-me arrepios. As mortes também são bastante memoráveis e intensas. O vilão, Micah, é um pouco irritante, mas consegue ser sinistro, também muito por causa daqueles olhos pretos. O enredo traz muitas coisas desnecessárias, como a personagem do índio e a subtrama do milho contaminado, que poderiam facilmente ser eliminadas numa revisão cuidada do argumento. Gostei que tanto o pai como o filho conseguissem "faturar", John com a dona da estalagem, e Danny com a gatinha local Lacey. Mas quando Danny fica do lado das crianças e se vira contra Lacey... isso não faz sentido absolutamente nenhum. Acontece de um momento para o outro, sem qualquer justificação possível, e dá a sensação que foram cortadas cenas. Mais uma vez, os efeitos especiais deixaram a desejar, com aquela espécie de animação tosca que devia ter ficado de fora do filme. Por outro lado, os créditos iniciais são lindos, concebidos de forma a dar aquela sensação de 3D. A banda sonora é horrorosa e melodramática, mais uma vez parece saída doThe Omen, só que desta vez, o tempo todo. É irónico que este filme seja como uma colheita com milho contaminado no meio: se o milho contaminado fosse deitado fora, seria um prato bem mais apetitoso.
Mortes memoráveis: Este filme é um prato cheio neste quesito. David a esvair-se em sangue durante a missa enquanto Micah ataca o boneco de vudu. Ruby a ser esmagada pela sua própria casa. A Sra. West a ter a sua cadeira de rodas telecomandada por Micah e atropelada por um camião que a lança contra o clube de bingo. O Dr. Richard a ser espetado com múltiplas seringas. Muito bom.
Curiosidades:
1. A produção começou no fim da primavera de 1991, e as filmagens começaram em julho em Liberty, Carolina do Norte. A maior parte do elenco eram habitantes locais, incluindo as crianças.
2. No comentário do DVD, o realizador David Price disse que, durante as filmagens, houve um grupo cristão local que fez alguns protestos, e ele recebeu um roedor morto à sua porta como aviso. Como resultado, a produção construiu a sua própria igreja para algumas cenas no filme.
3. A cena em que Micah e as crianças queimam os anciãos da cidade foi filmada numa casa na esquina da Rua Asheboro com a Avenida Luther, em Liberty. A casa foi queimada para o filme (!) e um terreno vazio permanece onde a casa outrora esteve.
4. A equipa de produção usou um presbitério local na esquina das Ruas Fayetteville e Raleigh em Liberty como quartel-general durante as filmagens.
5. O fim envolvendo Red Bear a pintar uma pedra foi acrescentado à última da hora. Originalmente, envolvia John a fazer uma chamada para o seu tabloide numa cabina telefónica à beira da estrada perto do milheiral, que seria engolida para a terra por Aquele que Caminha Atrás das Filas, matando-o. Isto foi descartado devido a limitações do orçamento. (Uau. Gostaria muito mais de ver este final do que o desfecho lamechas e desenxabido que o filme teve)
6. Segundo o rascunho original do argumento, o filme ia chamar-se Children of the Corn II: Deadly Harvest. Ou Filhos da Terra II: Colheita Mortal. (Mais valia, já que este não foi DE TODO o sacrifício final)
7. Nos Estados Unidos, o filme arrecadou 2,7 milhões no fim de semana de estreia e lucrou um total de $6,980,986. O orçamento é desconhecido.
8. Último filme da saga a ser lançado nos cinemas.
Paul Scherrer, que interpretou o gostosão do Danny, deixou a representação em 2001 e atualmente (com 49 anos) é casado e tem dois filhos, e trabalha como agente imobiliário em Indianapolis.
CHILDREN OF THE CORN IV: THE GATHERING (1996)
A "história": O espírito de Josiah, um antigo pregador infantil, desperta quando um bêbado usa o poço em que o corpo dele foi selado para beber água. Em vida, a criança foi abandonada pela mãe e acolhida por um grupo de pregadores ambulantes que o tentaram manter jovem para continuar a ganhar dinheiro à custa dele, pois atraía multidões. Por isso, privaram-no de sono e envenenaram-no com mercúrio, o que o enlouqueceu e o levou a matar os seus companheiros pregadores com uma foice. Agora que o seu espírito despertou, as crianças da vila começam a adoptar as personalidades de crianças que já morreram, após um surto de febre. Para voltar, Josiah precisa do sacrifício de uma criança que, tal como ele, foi abandonada pela mãe e, num ritual macabro, as crianças oferecem o seu sangue para o fazer renascer. Acontece que a criança escolhida é a filha da protagonista interpretada por Naomi Watts, que o filme nos convence desde o início que é a irmã dela. A protagonista "mata" Josiah com uma overdose de mercúrio, salva a irmã, e pronto, todos vivem felizes para sempre.
A crítica: Mais uma entrada mediana numa franchise mediana. Este filme oferece algumas mortes sangrentas, a presença de Naomi Watts(que sete anos depois viria a tornar-se uma grande estrela com The Ring), uma pequena reviravolta no final e é um dos poucos desta saga a fazer bom uso de um milheiral, aproveitando todo o seu potencial assustador a meio da noite. Por outro lado, como grande parte dos filmes dos anos 90, parece datado quando visto hoje em dia. The Gathering também carece de personagens interessantes, e dei por mim a desejar que o médico fosse um tipo novo e atraente que formasse um triângulo amoroso com Grace e Mary Anne, só para apimentar um pouco as coisas. Apesar das crianças, o filme não tem um espírito jovem. Agora que penso nisso, e apesar do espírito de Josiah, o filme não tem grande espírito. E precisamos de estar no estado de espírito certo para o apreciar. Ok, eu vou parar agora. A cena das crianças a cortarem-se à volta do tanque com água sangrenta é especialmente perturbadora. Também gostei da colisão de medos quando a mãe de Grace se vê forçada a fugir de casa apesar de sofrer de agorafobia. Se estivesse no lugar dela, também mandava a fobia às favas ao ver um miúdo com uma foice a perseguir-me dentro de casa. Não gostei dos sustos gratuitos inseridos à força entre cenas, é simplesmente foleiro. O facto de vermos pouco o vilão desta vez ajudou a torná-lo mais assustador, reduzindo-o a uma presença misteriosa que paira em redor das personagens durante o filme. E quando as velhas contam a história dele, fazem falta ali uns flashbacks, mas, como o orçamento é baixo, tivemos de nos contentar em vê-las a falar. The Gathering não é propriamente um mau filme, mas também está longe de ser bom... como o milho.
Mortes memoráveis: Quando o médico é cortado ao meio por... uma maca.
1. As filmagens decorreram em Austin, Texas em meados de 1994.
2. Naomi Watts recebeu 5 mil dólares pelo seu trabalho no filme (segundo a própria).
3. Este filme marca a estreia de Mark Salling (o Noah da série Glee, que na vida real foi acusado de posse de pornografia infantil e encontrado morto depois de se enforcar em janeiro de 2018).
4. Uma cena cortada mostra Jane e Rosa Nock a contar a Grace e a Donald como as crianças chamavam Josiah por um nome diferente: Aquele que Caminha Atrás das Filas.
5. Matt Serafini do Dread Central chamou a The Gathering «um esforço ligeiramente melhor do que (a Parte III), mesmo que ignore o final introdutório do filme anterior em favor de levar as coisas de volta para a América rural». Ele também elogiou a atuação de Watts assim como a de Karen Black, mas notou que a última «não tem muito para fazer». O estudioso de cinema Mark Browning deu ao filme uma crítica mediana, criticando-o pelo seu fracasso em «fundamentar» a comunidade religiosa d' Aquele que Caminha Atrás das Filas. Browning também elogiou a atuação de Watts e notou que «algumas imagens podem permanecer com os espetadores», mas em última análise considerou o filme «altamente derivante sem qualquer sentido de perspicácia ou ironia».
CHILDREN OF THE CORN V: FIELDS OF TERROR (1998)
A "história": Um grupo de adolescentes perde-se no meio da América e chega a Divinity Falls, onde crianças esquecidas assumiram o dever de servir "Aquele que Caminha Atrás das Filas". As crianças, obviamente, queimam o o carro dos adolescentes. Alison, uma das adolescentes, descobre que as crianças estão a cargo de Luke Enright, um louco que se considera o salvador das crianças e o representante humano d' Aquele que Caminha Atrás das Filas. Anos antes, Alison abandonara o irmão com o pai, e o irmão dissera-lhe que ia dedicar a sua vida Àquele que Caminha Atrás das Filas. Alison decide reencontrá-lo, e consegue. Jacob, o seu irmão, está na véspera de fazer 18 anos e engravidou uma rapariga escolhida por Ezekiel, o líder das crianças. No dia seguinte, ele terá de se sacrificar saltando para dentro de um silo de milho em chamas. Na cerimónia, Jacob vira costas ao culto e, mais tarde, é capturado, atacado pelas crianças e deixado para morrer. Kir, uma das adolescentes protagonistas, que acabou de perder o namorado Kurt e leu a Bíblia das crianças e aparentemente achou que era uma religião porreira, salta para dentro do silo e morre. Tarde demais, Alison descobre que o irmão lhe pediu ajuda através de uma mensagem secreta e recruta a ajuda do xerife, que enfrenta Luke, cuja cabeça se abre e saem chamas que carbonizam o xerife. Não estou a inventar nada disto, juro. No final, Alison atira o orelhudo do Ezekiel para dentro do silo e ele morre. Ela fica com o bebé do falecido irmão, já que Lily, a mãe dele, é ela mesma uma criança e não tem condições para ficar com ele. Claro que o filme acaba com Alison a embalar o bebé e os olhos dele a reluzir como as chamas do silo.
A crítica: Efeitos especiais! Humor! Adolescentes! Tudo o que o filme anterior não trouxe, este tem. Um dos filmes mais agradáveis de se assistir da franchise, Fields of Terror dá um novo fôlego à saga, incluindo um elenco jovem e uma vibe adolescente. Até as crianças do milho agora são todas hip. Além disso, este quinto filme é fiel à mitologia da série, trazendo de volta Aquele que Caminha Atrás das Filas. O novo vilão, Ezekiel, não é propriamente assustador, mas faz-nos odiá-lo, por isso... Em Fields of Terror, tal como no segundo filme, um dos protagonistas (Kir) é seduzido pelo culto das crianças e "junta-se ao clube", porém, desta vez, essa conversão é um pouco mais justificada, e não acontece de uma cena para a outra como Danny em The Final Sacrifice. Por falar em homens sensuais, este filme traz dois: Greg Vaughan como Tyrus (o nome dele mal é dito no filme e tive de me esforçar para saber quem era o ator) e a "criança" do milho Zane, interpretado por Aaron Jackson (que de criança tem muito pouco e, se ele me tentasse converter como tentou com Kir, eu não pensaria duas vezes). O filme traz ainda uma Eva Mendes em início de carreira, e Alexis Arquette, que no mesmo ano participou em A Noiva de Chucky.
Mortes memoráveis: Quando Kir decide que o facto de ter perdido o namorado aos 17 anos faz com que não tenha mais nada a perder na vida e decide suicidar-se atirando-se para dentro de um silo em chamas.
1. Feito com 1.7 milhão de dólares.
7. Quando Jack fala com o seu pai morto no rádio CB (voz de Miguel Ferrer, de Twin Peaks e Aviador Nocturno), o nariz dele começa a sangrar. Isto não foi planeado. O nariz de Steven Weber sangrou espontaneamente, e ele decidiu continuar a representar.
OS FILHOS DA TERRA VII: A REVELAÇÃO (2001)
A "história": Jamie parte em busca da sua avó, que desapareceu sem deixar rasto, e descobre que ela foi a única sobrevivente de um culto de crianças que cometeu suicídio em massa num incêndio há 60 anos atrás. Agora, os fantasmas das crianças voltaram para a levar a ela e aos seus descendentes o que, infelizmente para a nossa protagonista, a inclui a ela. O herói da história é o gostoso detetive Armbrister, e temos também um padre que está lá para nos explicar tudo muito bem explicadinho.
A crítica: Este filme foi uma agradável surpresa. Achei-o muito melhor do que aquilo que tinha o direito de ser. Desde a atmosfera sinistra, com aquele prédio decrépito e sombrio, passando pelo facto de as crianças serem na verdade fantasmas, e ao suspense de não sabermos o que aconteceu à avó da protagonista, esta sexta sequela tem muito a seu favor. O facto de eu a ter visto de madrugada pode ter contribuído para o factor "creepy". Tal como a protagonista, sentimo-nos isolados, e um certo alívio quando o detetive e o padre aparecem. As duas crianças principais fazem um bom papel a assustar-nos (e aquela que está no cartaz do filme, a jogar à macaca no pentagrama, também). O filme também modernizou um pouquinho a história, e trouxe-nos as crianças a jogar videojogos, o que achei uma pequena e divertida lufada de ar fresco. No entanto, A Revelação (já agora, que revelação foi essa?) dá a sensação de que não foi concebido como um filme da saga, mas como uma produção autónoma, e que recebeu o título da franchiseapenas para se destacar. Os componentes do milheiral e Aquele que Caminha Atrás das Filas poderiam ter sido facilmente acrescentados ao argumento.
Mortes memoráveis: Só uma, a de Tiffany, que está a tomar um banho de imersão relaxante quando o rapaz sinistro aparece e deixa cair umas sementes na água, que criam uns caules de milho que matam a rapariga. (Já tínhamos visto alguém numa cadeira de rodas a ser vitimado pelas crianças no segundo filme, pelo que era escusado vermos isso de novo aqui)
Curiosidades:
1. Feito com um orçamento de 2,5 milhões de dólares.
2. Adam Tyner do DVD Talk deu 2/5 estrelas ao filme e escreveu: «O realizador Guy Magar escolheu a tradicional abordagem sem orçamento, direta para vídeo e formulaica, resultando num filme não envolvente e banal, que não oferece sequer o mais fugaz vislumbre de terror ou suspense». O estudioso de cinema Mark Browning notou o emprego de vários imagens «macabras» no filme e elogiou a sua cinematografia, mas escreveu que as «inconsistências no enredo são abundantes».
MANGLER REBORN (2005)
A minha opinião: Se havia um filme que não precisava de renascer, era The Mangler. E, como não podia deixar de ser, Mangler, o Massacre Continua nasceu morto. Com um protagonista feio e velho que dá pesadelos pelos motivos errados, uma banda sonora anti-melódica que consiste em barulhos estridentes e irritantes para tentar injetar tensão no filme e uma "história" que não vai a lado nenhum, este filme desafia-nos constantemente a continuar a vê-lo. Pontos positivos? A claustrofobia que nos faz sentir e alguns momentos de tensão.
1. Os realizadores Erik Gardner e Matt Cunningham (duas pessoas para realizar esta m****?) pretendiam que o filme fosse um "renascimento" da franchise (qual franchise?!), sem que o filme exigisse que as pessoas vissem os dois anteriores. Bem... este renascimento foi um nado-morto.
2. A receção da crítica para este filme foi muito negativa (quem diria?). O DVD Talk chamou-lhe um «fracasso informe, sinuoso e incrivelmente aborrecido». A Reel Film escreveu que embora «o filme pareça uma obra-prima comparado com os antecessores, Mangler, o Massacre Continua no fim de contas não funciona».
CHILDREN OF THE CORN: GENESIS (2011)
A "história": O carro de um casal avaria e eles encontram abrigo na casa de um estranho casal composto por Preacher e a sua mulher ucraniana, Oksana. No fim, é revelado que o homem tem, na verdade, uma espécie de harém, e os filhos dessas mulheres estão todas ao serviço de Aquele que Caminha Atrás das Filas. A protagonista, Allie, que estava grávida, foi só mais uma das mulheres atraída para o local para a semente de Aquele que Caminha Atrás das Filas ser colocada no seu filho e fazer dele mais um "soldado" da entidade.
A minha crítica: Este filme deu-me sono. Depois de uma cena inicial que não tem qualquer relação com o resto do filme (e até agora ainda não descobri o motivo de ela ter sido incluída), passamos praticamente o tempo todo com o casal Tim e Allie e a história até se desenvolve com um certo suspense, que aumenta quando a protagonista descobre que Preacher tem uma criança presa no barracão. A partir daqui, no entanto, é sempre a piorar. A história é má. Mesmo. Se Preacher teve a sua família e amigos mortos pelas crianças de Gatlin no passado, porque trabalha para ele? Por ter medo dele? A história é incompreensível, e confunde mais do que esclarece, deixando muitas perguntas sem resposta. Qual é o intuito de manter todas aquelas crianças ali? Não parece haver muitos adultos para matar. Talvez se contentem em matar os maridos das grávidas, tal como aconteceu a Tim no final do filme. Não me admirava se A Origem, à semelhança do que desconfio ter acontecido com A Revelação, tivesse começado por ser um filme autónomo inserido à força nesta maldita franchise para se destacar. Mas, enquanto que A Revelação funcionava bem como filme autónomo ou pertencente à saga, A Origem falha nos dois aspetos. Totalmente dispensável.
Mortes memoráveis: Pois, não há muitas mortes neste filme. A cena mais memorável, no entanto, é quando Tim e Allie têm o acidente causado por aqueles carros a voar do reboque para cima do carro deles, que, por sua vez, foi causado pela criança demoníaca aprisionada no barracão que está a brincar com os seus carrinhos. Esta cena é surpreendente, tendo em conta o baixo orçamento do filme. Tirando isso e o suspense no início do filme, nada salva esta bosta.